"Penso onde não sou, logo sou onde não penso."

sábado, 7 de janeiro de 2012

Ano novo, post novo.

          Aos que sobreviveram às puladinhas das 7 ondas ou aos que ascenderam suas velas na areia e jogaram flores no mar solicitando as forças dos orixás como Iemanjá - Rainha do Mar, fica aqui nesse meu primeiro post do ano os votos de prosperidade nesse ano de 2012 - pra todos nós, ne? - com muita luta e dedicação. Pq, meus amigos, essa conversa de paz e amor sem trabalho árduo fica por conta dos bons clichês vinculados a sorte e olhe lá. É isso! Vamos ao assunto pontapé desse ano.
        Com a explosão do uso da ferramenta 'compartilhar' do nosso velho amigo facebook eu percebi que eu queria escrever sobre isso pois já não bastasse toda a 'orkutização' que chegou de vez no 'facebug' com direito a pornografia, fotos de pessoas (se assim posso me referir) e seus excrementos, bem como fotos  "a la barra pesada", chegaram também as correntes com um tal de compartilhe se você também acredita, fez, faz, viu, teve, conhece, concorda... enfim! "Se você estiver na frente do pc, COMPARTILHE." rsrrs
        Ouvi falar sobre uma dessas teorias conspiratórias que esse bombardeio de compartilheS tem ligação com uma espécie de teste controle afim de que se possa medir o grau de manipulação e adesão das pessoas a essas idéias e campanhas de maneira fácil e rápida, através de um simples clique. Mas como eu já passei da fase de que tudo é conspiração, deixo essa informação aos ainda curiosos sobre o assunto para pesquisarem. 
         A minha atual questão está relacionada à Psicologia das Massas de Freud, que de certa maneira refere-se ao mesmo ponto citado acima, referenciando a maneira que as pessoas, enquanto seres sociais, se envolvem em determinadas situações quando estão junto a um grupo, na maneira como isso reflete no seu comportamento frente ao coletivo, levando muitas vezes a tomarem atitudes as quais jamais tomariam se estivessem sozinhos. O resultado disso é a junção de inúmeras 'forças' e a coragem a ter atos jamais pensados. Para Freud os indivíduos inseridos na massa, pensam, sentem e agem de maneira diversa de quando está sozinho e a explicação vem do conceito de libido aonde os indivíduos estão ligados por um laço libidinal e tendem a agir de maneira uniforme para se sentirem parte do grupo.
      Freud à parte, vejo também a enorme necessidade das pessoas de postarem alguma coisa nas redes sociais e de dizerem alguma coisa sobre qualquer temática afim de se sentirem interados e socializados, pertencentes a um grupo, um modelo, uma fôrma. E quando o assunto envolve política, questões sociais... ishhhhhhhhh, aí a buraco é mais embaixo. Os que se mantem silenciosos  são os muitas vezes omissos ou desligados, os que criticam são os recalcados ou do movimento "do contra", os que apóiam são pseudo-revolucionários, enfim.
         A verdade é que as pessoas querem falar, e esse falar é sobre qualquer assunto, sobre o que tá acontecendo/aconteceu/polemizou, sobre sua vida, aonde está, com quem, fazendo o que... Há uma enorme vontade de ser lido ou de imaginar que alguém acompanha sua vida interessante (ou não!). Cada um utiliza a ferramente de uma maneira embora seja perceptível que os assuntos geralmente são os mesmos, porém o bom senso é sempre indispensável nas publicações pois uma vez lançado na  "rede" é o suficiente para ficar o registro.

       E se você permaneceu até o final do post aproveite e repense sobre aquilo que você publica e compartilha assim como eu tenho feito. Filtro mode ON, galera... Seus amigos agradecem. Beijos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O sentido faz falta?

 
A gente procura um sentido para a vida somente quando o cotidiano perde sua graça e seu encanto

É uma queixa frequente: o mundo e a vida fazem pouco sentido -muito menos sentido do que antigamente, completam os saudosistas. Nas famílias, às vezes, essa queixa produz uma espécie de pingue-pongue. Os pais acham que os filhos adolescentes vivem por inércia, sem rumo e projeto: "Eles não estão a fim de nada que preste, não têm uma causa, uma visão de futuro".

Os filhos, confrontados com essa preocupação dos pais, declaram que, se precisassem mesmo de um sentido para viver, certamente não é com os pais que eles o aprenderiam: "Mas qual sentido gostariam que eu escolhesse para minha vida, se a vida deles não tem nenhum?". Nesse diálogo, o sentido parece ser sempre o que falta na vida dos outros que criticamos.
Também existem indivíduos (adolescentes e adultos) que se queixam da falta de sentido em sua própria vida: "Viver para quê? Todo o mundo vai morrer de qualquer jeito; que sentido tem?".

Geralmente, ao procurar responder a essas constatações desconsoladas, amigos, parentes e terapeutas agem como os pais que mencionei antes: querem injetar uma causa, uma visão de futuro na vida de quem lhes parece ter perdido o rumo "necessário" para viver.

Agora, eu não estou convencido de que, para viver, seja necessário que a vida tenha um sentido. Quando alguém se queixa de que sua vida é sem sentido, não tento interessá-lo em grandes razões para viver. Prefiro perguntar (para ele e para mim mesmo) de onde surge tamanha necessidade de um sentido. É curioso que, para alguns, a existência precise de uma justificação, de uma razão, de uma causa, de uma visão de futuro.

Em regra, essa necessidade de justificar a vida se impõe quando a própria vida não se basta mais. Ou seja, é quando os gestos cotidianos perdem sua graça que surge a obrigação de fundamentar a vida por outra coisa do que ela mesma.
Nota clínica: a depressão não é o mal de quem teria perdido (ou nunca achado) uma grande razão para viver. Depressão é ter perdido (ou nunca encontrado) o encanto do cotidiano. Por consequência, tentar "curar" a depressão de um adolescente propondo-lhe militância política ou fé religiosa é nocivo: se a gente conseguir capturá-lo num grande projeto, esse mesmo projeto o afastará ainda mais da trivialidade do dia a dia, cujo encanto ele perdeu.

Resumindo, quando alguém se queixa de que a vida não tem sentido, o problema não é ajudá-lo a encontrar o tal sentido da vida, mas ajudá-lo a descobrir que a vida se justifica por si só, que ela pode ser seu próprio sentido.

A cultura moderna poderia ser dividida em dois grandes blocos (que não coincidem com as tradicionais divisões de esquerda vs. direita etc.): os que pensam que o sentido da vida não está na própria experiência de viver (mas na espera de um além, num projeto histórico etc.), e os que pensam que a experiência de viver, por mais transitória que seja, é todo o sentido do qual precisamos (nota: a psicanálise, inesperadamente, está nesse segundo grupo, por constatar que a gente sofre mais frequente e gravemente pelo excesso do que pela falta de um sentido).

Alguém dirá que, com o declínio das utopias políticas e algum avanço (talvez) do pensamento laico, o sentido da vida está em baixa. Em suma, eu estaria chutando um cachorro morto.

Não concordo: talvez a própria crise das utopias e de algumas religiões instituídas esteja reavivando uma espiritualidade que tenta sacralizar o mundo, prometendo, no mínimo, sentidos ocultos.

O esoterismo "new age" nos garante que a vida tem um sentido misterioso, que a gente nem precisa saber qual é. Melhor assim, não é? Acabo de ler um breve (e delicioso) ensaio do filósofo italiano Giorgio Agamben, "La Ragazza Indicibile" (a moça indizível, Electa, 2010). Agambem (retomando um ensaio de Jung e Kerényi, de 1941, sobre Koré, a moça sagrada -Perséfone na mitologia clássica) mostra que os mistérios de Eleusis (que são os grandes ascendentes do esoterismo ocidental) de fato não revelavam nenhum grande sentido escondido das coisas e da vida -a não ser talvez o sentido de uma risada diante do pouco sentido do mundo.

Ele conclui com a ideia de que podemos e talvez devamos "viver a vida como uma iniciação. Mas uma iniciação ao quê? Não a uma doutrina, mas à própria vida e à sua ausência de mistério".
 
CONTARDO CALLIGARIS - Folha de São Paulo 06/10/11.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sincronicidade: Coincidência ou fenômeno?



Acredito que muitas pessoas já tenham ouvido esse termo 'sincronicidade', porém aos que não ouviram, certamente já tiveram momentos em que ficaram boquiabertos pensando nas 'coincidências da vida' e indiretamente chegaram a refletir sobre a sincronicidade sob um outro conceito: uma possível causalidade. Quem não passou pela situação de estar pensando em alguem e essa pessoa te ligar no exato momento, ou então de estar ligando para uma determinada pessoa e o telefone dela estar dando ocupado porém quando você finalmente desiste de ligar, incrivelmente seu telefone toca e você vê no detector de chamadas que é a tal pessoa te ligando? Eu passei incalculáveis vezes por isso seja com amigas, com o namorado ou com alguma pessoa que eu desejasse falar. Essa 'coincidência' mobilizou estudos tanto na Física Quântica quanto na Psicologia de Carl Gustav Jung - psiquiatra suiço e fundador da Psicologia Analítica, ou Psicologia Junguiana. Confesso que sei muito pouco sobre o assunto, mas o pouco que eu tenho lido e pesquisado me tocou profundamente a ponto de tudo fazer muito sentido pra mim. Então, vamos dar uma conferida no que diz a teoria da Sincronicidade de Jung. Espero que curtam!

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Ao estudar as coincidências, Jung chegou a conclusão de que elas não são tão casuais como parecem, e deu ao fenômeno o nome de sincronicidade. A principal característica da sincronicidade seria uma significativa relação entre uma vivência interior e um evento exterior: penso numa pessoa e ela telefona. Certa vez, uma paciente de Jung estava contando um sonho em que aparecia um escaravelho, justo naquele momento um escaravelho começou a esvoaçar contra a vidraça. E daí para a frente começou a pesquisar em profundidade o fenômeno da coincidência - ou sincronicidade. Para ele existe a sincronicidade cada vez que um fenômeno acontece dentro de uma pessoa e fora dela ao mesmo tempo e sem nenhuma ligação lógica aparente. Na sincronicidade portanto, o interior e o exterior como que se combinam para formar um acontecimento. Aliás, essa intrigante troca de energias entre o mundo subjetivo e o mundo objetivo é confirmada pela física moderna, melhor dizendo pelas descobertas da física quântica. Hoje, os físicos sabem da interferência do observador na observação do fenômeno com o qual está trabalhando, até então no modelo mais antigo de ciência, acreditava-se em uma observação totalmente objetiva sem nenhuma interferência do observador. Sabe-se hoje que o tomar consciência de algo seria assim , um poderoso ato criativo no qual a realidade objetiva e a subjetiva se combinam para formar um evento. Dentro dessa visão, não seria de todo infundada a crença popular no mau olhado capaz de secar flores e afetar o crescimento das plantas. O fato é que uma intensa energia parece existir entre nosso psiquismo e o mundo à nossa volta. Do ponto de vista fenomenológico, nenhum acontecimento pode ser isolado do contínuo de energia que abrange toda a realidade. Qualquer evento, em qualquer nível, em qualquer lugar, é influenciado e influencia o mais. O tempo inteiro você está vivendo energias ou dinamismo que de a1guma forma se exteriorizam e mobilizam outras. Estamos todos como que dentro do mesmo oceano energético e trocas de energia são intrínsecas à própria vida. A experiência clínica nos mostra, por exemplo, que quem se encontra num processo de autodestruição sempre acha uma maneira de exteriorizar isso. Batendo o carro, por exemplo, criando uma doença. O próprio desequilíbrio energético entre duas pessoas termina se manifestando. À luz da teoria da sincronicidade, fica sempre muito relativo falar em mera coincidência, puro acaso. Correto seria dizer que de alguma maneira produzimos energias tanto para nossas melhores coincidências como para nossas piores ações. E aquilo que chamamos de sorte ou azar está mais ligado ao nosso estado interior do que a um destino caprichoso sem rosto. A concepção Junguiana de sincronicidade é de que, mediante uma silenciosa e misteriosa troca de energias, nosso estado interior está ativamente ligado a objetos e acontecimentos à nossa volta. Mas é preciso entender bem o que Jung considera sincronicidade. Não se trata por exemplo, de relações de causa e efeito entre o mundo subjetivo e o objetivo.

Por Doucy Douek, que é Psicóloga clínica.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Férias.


        Última semana de aulas, à beira de um ataque de nervos você jura que a solução dos seus problemas é a chegada das férias e a plenitude de estar no ócio. Pois bem, você conclui seus trabalhos, apresenta os seminários, se dá bem nas provas e finalmente entra em férias! Ah, maravilha, perfeição! Acordar tarde, ter tempo disponível pra tudo inclusive tempo pra fazer nada. Oh God! Isso é tudo que eu pedi. Passa a primeira semana, passa a segunda e... beirando a terceira semana o tédio já te consumiu. Há um inerente desejo de voltar a possuir a sua vida de verdade, a encontrar os amigos nem que sejam de passagem pelo corredor da univerdade, na correria entre uma disciplina e outra. Dá até vontade de ter o que fazer e se sentir últil. Eu sei que inúmeros seres humanos discordariam do que escrevo, mas é assim que me sinto. Sempre funciona dessa forma até que finalmente inicia as aulas novamente e eu percebo que eu nunca precisara tanto de férias como nesse momento. É cíclico! E como o hino de Rolling Stones: I can't get no satisfaction!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Porque somos como somos?

"O homem, distintamente de outras espécies, procura respostas a perguntas tais como a do título e faz indagações sobre suas origens e características. Boa parte do conhecimento produzido na área das ciências humanas e sociais diz respeito a indagações como essa, sobre o comportamento e a natureza humanos. Uma das disciplinas que fornece algumas das respostas mais inspiradoras é a psicologia evolucionista. Esta é uma disciplina recente, multidisciplinar, que nasceu de uma síntese entre a psicologia cognitiva e a teoria da evolução, e que utiliza conhecimentos de várias outras áreas, como a neurociência e a antropologia. A abordagem evolutiva parte do pressuposto que o homem, assim como todos os outros seres vivos, é o produto de um processo evolutivo. Isso significa que nossa natureza é determinada, além de nossa cultura, pela nossa biologia. Nossas características, não apenas anatômicas, mas também neurocognitivas e de comportamento, foram selecionadas em respostas a pressões evolutivas durante o processo de nossa evolução."

Esse trecho é desse artigo:  Porque somos como somos? A psicologia evolucionista e a natureza humana*, que responde muitas questões acerca do assunto de uma forma mais ampla e conceitual. Me surpreendi ao colocar no google "porque somos como somos" e encontrar um artigo científico falando a respeito da minha busca. É, e beirando os meus 25 anos tem me surgido uma imensa angústia quando penso nessa caminhada, do que somos feitos e como nos constituímos e minhas aulas de sociologia e filosofia contribuíram significativamente para que eu levantasse essa questão. De antemão, eu não pretendo encontrar a reposta certa que justifique o porque de sermos como somos, aliás, longe de mim, até pq falta muito conteúdo no constructo de tal argumento. A proposta desse post é apenas de pensar sobre! Bem, levando em consideração a nossa subjetividade e a importância da Psicologia que se propôs a estudar isso, conseguimos elaborar hoje uma significativa interpretação sobre a, até então, obscura questão, porque trabalhar com o subjetivo é sem dúvidas considerar o tempo que isso acarreta e a dificuldade em 'tocar o intocável', portanto, não é algo simples. Por mais que se saiba a respeito das maneiras  de manifestação no corpo, no comportamento, nos sonhos e etc... somos muito complexos e não restam dúvidas dessa premissa. Facilmente nos deparamos com situações semelhantes em pessoas diferentes e assim mesmo, é comum encontrarmos reações parecidas de ambas frente a esta mesma situação -óbvio não desconsiderando que isso não se 'aplica' a todos - até porque estamos tratando de subjetividade. Pois é, estudando um pouco sobre a área comportamental da psicologia nos damos conta de que somos previsíveis em algumas situações e aí me remete a pensar que os nossos comportamentos diversos já foram medidos e estudados e que estamos dentro de um parâmetro de reações. Ou seja, por mais diferentes que sejamos, ainda assim somos previsíveis. Desde aquele que desmaia frente a uma situação aversiva como aquele que reage com gargalhadas. Sempre há um parâmetro, sempre há uma explicação. É difícil e ao mesmo tempo aliviante pensar que 'tudo é explicável'. Quando não encontramos uma resposta de 'normalidade' a algo que sentimos ou pensamos, logo bate uma preocupação: "ai meu Deus, isso é normal?". Mas voltando a questão científica, sempre há uma suposição do que levaria a sermos e a reagirmos de determinada maneira. Remotamente algo é inédito ou inexplicável. A ciência* parece estar sempre com uma explicação pronta sobre nossos comportamentos. Então somos uma sociedade previsível mesmo???


* isso não é, fundamentalmente, uma crítica à ciência.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

domingo, 8 de maio de 2011

Eu preciso.

"Eu preciso muito de você. Eu quero muito, muito você, aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando, você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor. Você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio. Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito muito de você."
(C.F.A)